17 de fevereiro, 2001
Cientistas estão mais próximos de descobrir uma cura para o Mal de Parkinson através do uso de células retiradas de embriões.
Os doutores Ole Isacson, da Escola Médica de Harvard, e Ronald McKay, do Instituto Nacional da Saúde dos EUA, disseram nesta sexta-feira, num encontro científico na Califórnia, que usaram células embrionárias com sucesso para tratar a doença em camundongos e ratos.
Muitos pesquisadores, porém, acham que as implicações éticas e morais do avanço descrito pelos cientistas podem atrasar ao início dos testes clínicos com humanos do novo tratamento.
O financiamento público de pesquisas envolvendo células embrionárias é restrito nos EUA e em vários outros países.
Revolução
Isacson e McKay usaram técnicas um pouco diferentes, mas alcançaram resultados semelhantes. Os cientistas usaram as células embrionárias para produzir dopamina, quando transplantadas para o cérebro de ratos e camundongos.
A dopamina é uma substância química que atua como neurotransmissor.
Pacientes com Mal de Parkinson apresentam uma carência de dopamina no cérebro - o que provoca os clássicos sintomas - rigidez muscular e tremores.
O tratamento com drogas tem benefícios limitados para os pacientes e os especialistas vinham até agora tendo dificuldade em obter um número satisfatório de células produtoras de dopamina de tecidos retirados de fetos.
"A célula embrionária é uma fonte de células que podem ser cultivadas em laboratório e depois transplantadas", disse Isacson. "Isso seria uma revolução".
Política e ciência
Mas se os cientistas querem prosseguir pesquisando essa possibilidade de cura para o Mal de Parkinson, vão precisar do apoio dos políticos.
Jeffrey Martin, um portador do Mal de Parkinson e ativista, disse no encontro que espera que o novo governo em Washington dê mais apoio à biotecnologia e mantenha o investimento nessas pesquisas.
"Se o público em geral souber dos avanços que estamos conseguindo, então o presidente George W. Bush vai fazer o que prometeu na sua campanha e lançar uma iniciativa para curar várias doenças relacionadas à velhice, com novos fundos e com empenho", disse Martin.
O doutor McKay disse que existe a possibilidade de que a sua pesquisa prossiga em um outro país, onde as normas reguladoras relativas ao uso de células embrionárias sejam mais favoráveis.